Tempo... mano velho



Ao observar as formas e cores de minha casa, percebo pequenos detalhes que antes não existiam. As fotos começam a desbotar, os livros na estante mostram suas páginas em tons amarelados, as almofadas que decoram a casa mostram pequenos fiapos para fora, as cortinas já não tem o brilho e o glamour de antes. O nome dessa faxineira descuidada se chama tempo... ele passou por aqui e como as águas de um rio, fez com que sua correnteza mudasse, inevitavelmente, meu interior.

Como manter a lealdade, a integridade, paciência e capacidade de suportar eventuais sofrimentos sem se deixar abater?

Com ser resistente emocionalmente para lidar com algumas situações difíceis? Procurando escutar a voz de pessoas experientes, leio a respeito das mudanças, mas o fato é que somente passando por elas, deixando o tempo ser tempo, permitindo que os fiapos venham para fora, só assim que evoluímos.
Parece um tanto paradoxo falar que precisa ficar velho para ser bom, mas é bem por aí. Pessoas comentam muitas vezes em voltar ao tempo, quase não desejei isso, penso no que passou já passou, já foi, mas algumas lembranças são vivas dentro de mim, que fazem com que eu me permita sentir, por algum instante, algumas frações de tempo dentro de mim.

Tempo, mano velho, afaste de mim o que já não for mais leve, decorativo, sorridente, que fique apenas as coisas sinceras e os sentimentos bons, só mesmo o essencial.


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